Vegetarianos


Vegetarianismo ou vegetarismo é um regime alimentar baseado no consumo de alimentos de origem vegetal. Define-se como a prática de não comer qualquer tipo de animal, com ou sem uso de laticínios e ovos.

O vegetarianismo pode ser adotado por diferentes razões. Uma das principais é o respeito à vida dos animais. Tal motivação ética foi codificada em várias crenças religiosas juntamente com os direitos dos animais. Outras motivações estão relacionadas com a saúde, o meio ambiente, a estética e a economia.

Existe uma grande variação de dietas vegetarianas em relação aos produtos que são ou não consumidos. A forma mais popular de vegetarianismo é o ovolactovegetarianismo, que exclui todos os tipos de carnes, mas inclui ovos, leite e laticínios. Há também o lactovegetarianismo, que exclui todos os tipos de carne e também o ovo. Mas são consumidos leite e seus derivados. Outra forma de dieta vegetariana é o vegetarianismo estrito: neste, são excluídos todos os produtos de origem animal, como ovos, laticínios e mel. O vegetarianismo estrito é frequentemente confundido com o veganismo.

Embora algumas fontes sugiram que a palavra deriva do Latim vegetus (que significa "vigoroso"), não existem quaisquer provas que suportem essa teoria. A confusão parece resultar de uma passagem de um livro escrito em 1906 em que o autor analisa a palavra de um ponto de vista etimológico, para concluir que a mesma não deriva directamente do Latim. Na verdade, o termo já estava em uso desde 1840, e o dicionário de Inglês Oxford, entre outros, refere que a palavra foi formada a partir de "vegetable" (vegetal) e do sufixo "-arian". A palavra terá entrado no vocabulário geral devido à criação da Vegetarian Society, em Ramsgate, em 1847.
A versão mais curta ("vegetarismo") é derivada do termo francês végétarisme


Formas de Vegetarianismo

Ovolactovegetarianismo
Dieta composta por alimentos de origem vegetal, ovos, leite e derivados deles. Nesta dieta só há a exclusão de qualquer tipo de carne da alimentação.

Lactovegetarianismo
Dieta composta por alimentos de origem vegetal, leite e seus derivados. Os que a seguem não comem ovos nem qualquer tipo de carne. Essa é a dieta tradicional da população indiana.

Ovovegetarianismo
Dieta composta apenas por alimentos de origem vegetal e ovos, havendo a exclusão dos produtos lácteos e seus derivados e de carne.

Vegetarianismo Semiestrito
Dieta que exclui quase todos os alimentos de origem animal, abrangendo o mel.

Vegetarianismo Estrito
Também chamado de vegetarianismo verdadeiro, é uma dieta que exclui todos os produtos de origem animal. Vegetarianos estritos não comem, assim, qualquer tipo de carne, ovos, laticínios, mel etc., retirando, da dieta, todos os produtos de origem animal. Essa forma de dieta é frequentemente confundida com o veganismo, mas, embora veganos sejam vegetarianos estritos, não são a mesma coisa:
Apesar de [nutricionalmente] classificarmos os 'vegetarianos verdadeiros' apenas pela alimentação, existe uma diferença entre o vegano e o vegetariano estrito. Geralmente o vegano também não utiliza produtos não alimentícios provenientes de animais, como lã, couro, seda e pele. Quando falamos em termos [exclusivamente] nutricionais, não faz diferença essa classificação.

Enquanto o vegetarianismo estrito é apenas um regime alimentar, veganismo é respeito aos direitos animais - o que inclui o vegetarianismo estrito por razões éticas, mas não apenas (circo com animais, rodeios, produtos testados em animais, e qualquer outra forma de exploração animal é boicotada pelos veganos). Existem também outras dietas semelhantes como o crudivorismo e o frugivorismo.

Origem e história do vegetarianismo

O vegetarianismo tem sua origem na tradição filosófica indiana, que chega ao Ocidente na doutrina pitagórica. Nas raízes indianas e pitagóricas do vegetarianismo, são ligadas a noção de pureza e contaminação, não correspondendo com a visão de respeito aos animais. O nascimento de uma sensibilidade em relação aos animais, que condena o consumo de animais por motivos morais ou solidários, é muito recente na história da humanidade e surge a partir do século XIX em alguns países da Europa.

 O vegetarianismo ético, que visa o respeito pela vida animal teve origem na Antiguidade, sendo que ao longo da História da humanidade, inúmeros autores têm vindo a criticar e questionar consumo de carne com base nesse aspecto. Por exemplo: Mahavira, Asoka, Pitágoras, Empédocles, Plutarco, Porfírio, Ovídio, São Ricardo de Wyche, Leonardo da Vinci, John Ray, Thomas Tryon, Bernard Mandeville, Alexander Pope, Isaac Newton, Voltaire, George Cheyne, David Hartley, Oliver Goldsmith, Joseph Ritson, Lewis Gompertz, Ellen White, Johnny Appleseed, Percy Bysshe Shelley, Alphonse de Lamartine, Amos Bronson Alcott, William Alcott, Gustav Struve, Georg Friedrich Daumer, Richard Wagner, Liev Tolstoi,George Bernard Shaw, Romain Rolland, Élisée Reclus, Mahatma Gandhi, Franz Kafka, Isaac Bashevis Singer, Albert Einstein, entre muitos outros.

Um dos símbolos do vegetarianismo

Este facto é demonstrado por autores como Howard Williams, Rod Preece, Norm Phelps, Walter e Portmess e Rynn Berry.
Uma das passagens mais antigas a favor de um vegetarianismo ético surgiu quando Ovídio, nas Metamorfoses, pôs, na boca de Pitágoras, estas palavras:
Que crime horrível lançar em nossas entranhas as entranhas de seres animados, nutrir na sua substancia e no seu sangue o nosso corpo! para conservar a vida a um animal, porventura é mister que morra um outro? Porventura é mister que em meio de tantos bens que a melhor das mães, a terra, dá aos homens com tamanha profusão, prodigamente, se tenha ainda de recorrer à morte para o sustento, como fizeram ciclopes, e que só degolando animais seja possível cevar a nossa fome? [...] É desumanidade não nos comovermos com a morte do cabrito, cujos gritos tanto se assemelham aos das crianças, e comermos as aves a que tantas vezes demos de comer. Ah! quão pouco dista dum enorme crime!
Este trecho de Ovídio reflecte os ensinamentos dos pitagóricos no primeiro século.

Já na Era Cristã, São João Crisóstomo escreveu que a alimentação carnívora é uma luxúria e que o Homem, ao comer carne, é pior que os animais selvagens, que só têm essa forma de se alimentarem. No Renascimento, os ensaios de Michel de Montaigne evidenciam bastante sensibilidade para com os animais. Exemplo disso é a seguinte passagem: "Nunca pude ver sem constrangimento perseguir e matar inocentes animais, quase sempre indefesos, e dos quais nunca o homem recebeu a mais pequena ofensa." Ou ainda: "Para algumas mães, é um passatempo ver o filho torcer o pescoço a um frango, bater ou magoar um cão ou um gato [...] isso são meios, sementes e raízes da crueldade, tirania e traição."

Poucos anos depois, Bernard Mandeville foi um dos muitos autores que criticaram o consumo de carne com base nos motivos éticos: "Eu não posso compreender com um homem, que não está inteiramente endurecido e habituado à vista do sangue e do massacre, possa assistir sem remorso ao massacre de animais como o boi e o carneiro, nos quais o coração, o cérebro, os nervos, diferem tão pouco dos nossos, e cujos órgãos dos sentidos, e por consequência do coração, são os mesmos que no ser humano." Por sua vez, já no século XIX, Lamartine estava convencido de que "matar os animais para nos sustentarmos com a sua carne e o seu sangue é uma das mais deploráveis e das mais vergonhosas enfermidades da condição humana."


Outro dos símbolos do vegetarianismo

A britânica Anna Kingsford é considerada a mãe do vegetarianismo no Ocidente.Depois de seis anos de estudo, conquistou diploma em Paris (1880), quando pôde, então, exercer a advocacia pelos animais com maior autoridade. A sua tese final, L'Alimentation Végétale de l'Homme ("A alimentação Vegetal Humana"), foi uma das obras fundamentais sobre os benefícios do vegetarianismo, tendo sido publicada com o título em inglês The Perfect Way in Diet (1881).Fundou a Food Reform Society nesse ano e viajou à Europa para divulgar a dieta do vegetarianismo na Inglaterra; e a Paris, Gênova e Lausanne para falar do uso de animais em experimentos científicos.

Vegetarianismo e nutrição

Dietas vegetarianas normalmente são ricas em proteína,carboidratos, fibras dietéticas, magnésio, potássio, folato, antioxidantes (como vitaminas C e E) e fitoquímicos, além de apresentarem baixa ingestão de gordura saturada e colesterol, fornecendo diversos benefícios nutricionais. Por outro lado dietas vegetarianas podem apresentar menor ingestão de vitamina B12, vitamina D, cálcio, selênio, iodo, ferro, zinco o que pode causar efeitos negativos sobre o organismo.

Os vegetarianos devem ter maior atenção no que diz respeito à ingestão de vitamina B12, cálcio, zinco e ferro, alguns veganos advogam a necessidade de suplementação desses nutrientes para sua dieta, sendo importante realizar exames de sangue periodicamente. Vegetarianos estritos normalmente apresentam menores ingestões de cálcio, zinco, vitamina B12 e vitamina D quando comparados com ovolactovegetarianos.

Uma alimentação vegetariana adequada pode ser capaz de atender às necessidades nutricionais do organismo, mas é importante consultar um nutricionista para garantir a adequada combinação dos alimentos e não aumentar o risco à saúde por inadequação alimentar.

Comentário(s)
0 Comentário(s)